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SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL ATINGE QUASE 20% DA POPULAÇÃO ADULTA

Problema gastrointestinal é muito comum principalmente em mulheres

Entre 10 e 20% da população adulta brasileira, predominantemente mulheres, sofre de um problema gastrointestinal muito comum e também muito desconfortável, a Síndrome do Intestino Irritável (SII). O principal sintoma é a dor abdominal, associada à alteração do hábito intestinal, como diarreia e/ou constipação e distensão abdominal. Os sintomas são cíclicos e de intensidade variável.

Sintomas como dor abdominal,  constipação ou diarreia, com melhora total ou parcial da dor abdominal após evacuação, além de distensão abdominal e flatulência são relatados por pacientes com essa síndrome.

Os sintomas podem se apresentar por vários meses. Cerca de 30% das pessoas tem sintomas leves, 50% tem sintomas moderados e 20% tem sintomas acentuados, com grande impacto na qualidade de vida. Infelizmente os sintomas relatados por pacientes com Síndrome do Intestino Irritável são similares aos sintomas de muitos outros problemas gastrointestinais, o que dificulta o diagnóstico. Apesar do diagnóstico se basear em critérios clínicos, exames complementares podem ser indicados para excluir doenças orgânicas.

Sabemos que o nosso intestino é um tubo muscular longo que contrai e relaxa em uma forma organizada para digerir e absorver os alimentos, formar e expelir as fezes. Em algumas situações, o conteúdo do intestino pode se mover muito rapidamente, resultando em diarreia; ou muito lentamente, resultando em constipação. Caso uma área do intestino se contraia e a próxima área não relaxe, ocorrerá um espasmo temporário à medida que o conteúdo não se move e isto pode causar dor.

Em pessoas com Síndrome do Intestino Irritável a atividade intestinal pode produzir dor, ao contrário de pessoas sem essa doença em que os movimentos do tubo digestivo são praticamente imperceptíveis. Esta percepção aumentada é chamada de hipersensibilidade visceral.

Muitas vezes, os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável podem ser agravados por estresse. A ingestão alimentar pode desencadear o reflexo enterocólico (antigamente chamado de reflexo gastrocólico) e pacientes portadores da síndrome apresentarem este reflexo com urgência evacuatória, cólicas ou diarreia pós alimentar.

Ainda que perturbadora, esta condição não coloca a vida em risco e não provoca câncer. Complicações resultantes de diarreia grave podem incluir desidratação e dor na região anal. Raras vezes resulta em perda de peso. Se há uma constipação grave, complicações poderão incluir hemorróidas, fissura anal (rompimento na abertura anal) e formação de fecaloma.

Diagnóstico – Não há um exame diagnóstico específico para essa síndrome. Caso o paciente apresente sintomas típicos, o exame físico e exames complementares serão suficientes para diagnóstico. No entanto, outras doenças podem apresentar sintomatologia similar e portanto o médico poderá recomendar exames baseado em sintomas, idade e fatores de risco para descarta-las.

Algumas características que podem sugerir a necessidade de mais exames incluem a presença de anemia, sangramento retal, perda de peso não intencional, histórico de câncer colorretal na família, doença inflamatória do intestino ou doença celíaca ou dor que ocorre durante o sono.

Caso o paciente apresente diarreia, o médico pode pedir exames de fezes, exames de sangue, testes respiratórios para diagnóstico de intolerância alimentar ou para o diagnóstico de alteração da flora intestinal, endoscopia, colonoscopia ou tomografia computadorizada. Em caso do quadro de constipação, o médico poderá pedir um tempo de trânsito colônico, colonoscopia, exames de sangue ou exames especiais para estudar a função da musculatura anorretal. Se gases (distensão abdominal e flatulência excessiva) forem características proeminentes, o médico poderá pedir um exame para avaliar a presença de intolerância alimentar (lactose e frutose), supercrescimento bacteriano no intestino delgado e doença celíaca (alergia ao glúten).

Tratamento desafiador – O tratamento da síndrome do intestino irritável pode ser desafiador em função da variedade de sintomas. Não há um único remédio que ajude a todos os pacientes. Assim, o tratamento envolve mudanças na dieta, no estilo de vida e frequentemente é necessário uso de medicações. Alguns medicamentos aliviam espasmos intestinais e podem ser usados no controle da dor. O controle da constipação pode aliviar a dor em muitos pacientes. Esse controle pode ser feito com suplementos ricos em fibras. Alguns laxantes podem ser úteis, mas devem ser usados com cautela e orientação médica. Há novos medicamentos para o tratamento da constipação, porém são reservados para pacientes que não respondem às medidas anteriormente adotadas.

No caso da diarreia, medicamentos conhecidos como a Loperamida podem ajudar. Alguns anti-espamódicos e antidepressivos em baixas doses, podem ajudar no controle da síndrome do Intestino irritável com diarreia predominante. Mas lembre-se: somente médico poderá prescrever antidepressivos para diminuir a dor, a ansiedade e a diarreia.

Se você sofre com esse problema ou tem alguns destes sintomas, procure um médico especialista para ter o tratamento adequado.